Um mar de felicidade
- Olga Colvara
- 22 de ago. de 2017
- 3 min de leitura

As pessoas que moram em cidades com praia são mais felizes, certeza que tenho mas não tenho dados para comprová-la. O cidadão sai do trabalho depois de horas dentro de uma sala sem nem janela, olhos vidrados no computador, problemas complexos a serem desenvolvidos, café e mais café, e de repente, no caminho de volta para casa, ele ver o mar. Não numa fotografia ou no mural de sonhos de férias, mas ali, ao vivo e a cores, exageradamente imenso e bonito, deliciosamente barulhento, então dirige mais devagar, abaixa os vidros para ouvi-lo melhor, quem sabe para e senta 15min para contemplar seus mistérios antes de chegar em casa.
No fim de semana, naqueles que o dia acorda ensolarado e chamativo, precisamos sair de casa e aproveitar, para que não passe tão corrido e monótono dentro de casa que pareça que não houve intervalo entre a semana corrida e o fim de semana de descanso. Mas e se nos fim de semanas mais bonitos acordamos sem dinheiro? O costume na cidade do meu marido em Minas é ir para o clube para poder se refrescar, porém se você não for sócio a entrada nunca é menos de R$ 50,00. A praia não, ela é democrática, não tem porta de entrada, não tem catraca, não tem inspeção de saúde, entra quem quer. E mesmo sem dinheiro o pai de família acorda cedo, arruma os filhos pequenos e com a mulher procura a pocinha mais agradável para colocar as crias enquanto conversa ao lado com a esposa, na bolsa levam um pacote de biscoitos e suco que tinham em casa, talvez o pai leve um isopor com algo para beber e lá eles desfrutam de um bom momento em família, precisando no máximo convencer as crianças de que não podem pedir o picolé quando o homem do carrinho da Kibon passar.
A moça sem dinheiro combina com as amigas, separam suas cangas coloridas e partiu praia. Estendem no chão suas cores, exibem seus biquínis, talvez um bronzeador para acelerar o processo e lá passam a tarde sorrindo e conversando fazendo planos para quando anoitecer.
O garoto sem dinheiro sai de casa a pé e vai na expectativa de uma boa partida de futebol, as traves armadas por toda praia, acha um grupo que aceite o seu desafiado, torra no sol com os pés descalços e sola grossa, faz uns gols ou perde muitas bolas, dá um pulo no mar para refrescar antes e de ir embora e volta para casa cansado e satisfeito com a atividade do dia.
Os atletas que já possuem seus equipamentos, também podem surfar, velejar, jogar futevôlei, vôlei, frescobol, correr, caminhar, tudo de graça.
Para os que receberam o salário nos últimos dias, pode-se ouvir uma música ao vivo num bar enquanto come um caranguejo e toma alguma coisa refrescante, fazer tatuagem de hena, tomar sorvete caseiro, comprar bijuterias dos hippies, entre muitas opções.
Mas estamos todos ali, desnudos de nossas formalidades, todos de biquínis, sungas e bermudas, todos de chinelo, ou sem chinelo, alguns com medo do mar, outros entregues como peixes nas ondas, não tem hora certa nem de chegar nem de ir embora, não tem recepcionista para perguntar seu nome ou dizer que o lugar está lotado. Deus convida a todos, como um anfitrião orgulhoso da riqueza de sua área de lazer, venham.
Chora-se de coração partido contemplando o nascer do sol, escreve-se poesias apaixonadas contemplando o pôr do sol. A beleza da natureza nos emociona. Por tudo isso e mais um pouco tenho para mim a convicção que as pessoas por aqui são mais felizes, podemos fingir que estamos de férias todos os fins de semana e nos preparar para a semana que se inicia e se algo não correr tão bem durante ela ainda podemos dar um pulinho na praia e recuperar nosso bom humor e paciência lembrando que muito grande e capaz de coisas incríveis é o nosso Senhor.
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